Tenho certeza que você já viu essa cena: a mãe ou o pai coloca o bebê no colo de uma outra pessoa e ele começa a chorar. É muito comum que os bebês e as crianças menores não lidem bem com pessoas diferentes e não queiram se afastar dos pais ou de outras figuras de referência. Frequentemente eles choram, demonstram insegurança, medo e preocupações, que podem estar relacionadas à fantasia de que os pais não retornem. Como resultado essa situação gera na criança a ansiedade de separação e, mesmo as situações cotidianas, como ir para a escola ou a hora de dormir, podem se tornar uma grande dificuldade para a família.
A ansiedade de separação faz parte do desenvolvimento infantil e é comum em crianças pequenas. Esse quadro pode aparecer mesmo nas famílias onde os vínculos afetivos são bem estruturados e os pais são participativos, presentes e amorosos, pois a criança sente-se insegura e desprotegida sem a presença deles.
Algumas dicas podem ajudar nessa situação:
- Com os bebês, brincadeiras de esconder podem ser interessantes. A mãe ou o pai sai do campo de visão do filho, e em seguida retorna, mostrando que existe a ausência, mas também o retorno.
- Não saia escondido. Conte para a criança que precisa sair e, na medida do possível, explique o motivo e o horário volta, lembrando sempre que imprevistos acontecem.
- Não tenha medo de sair. Os pais não devem reforçar o comportamento da criança evitando a separação ou recompensando e ausência de alguma forma (por exemplo: deixar que ela durma na cama dos pais, deixar que falte à escola, levá-la junto em todos os compromissos).
- Seja natural nos momentos de despedida, com atitudes positivas. Quando os pais estão tranquilos, a criança tem mais facilidade de entender a separação. Se os pais demonstram culpa, tristeza ou dificuldades para se despedir, o filho normalmente encara a situação como algo ruim. Lembre-se que os pais são os modelos das crianças.
- Ajude a criança a pensar em coisas legais que irá fazer durante esse tempo. Atividades na escola, brincadeiras com os amigos, passeio com os tios ou avós.
- Não repreenda o choro. A criança normalmente não consegue entender seus sentimentos, e o choro é a forma que encontra para se expressar.
Flávia Carnielli – Psicóloga