Todos os anos, deparamo-nos com as aflições e inquietações de muitos pais, mães, avós e outros responsáveis pelas crianças que estão ingressando na escola pela primeira vez. Observamos olhares angustiados e muitas vezes chorosos, transparecendo dúvidas que são comuns e inerentes a esta etapa tão desafiadora denominada adaptação escolar. Como educadores, conseguimos entender e procuramos acolher essa mistura de sentimentos e questionamentos, mas também sabemos que essas mentes e corações só serão acalmados plenamente com o passar do tempo, conforme a confiança na escola for sendo construída, bem como à medida que os pequenos forem demonstrando segurança e alegria no ambiente escolar. 

É natural que os pais se perguntem, por exemplo: “será que a professora conseguirá perceber e atender bem às necessidades do meu filho?”; “será que não vou traumatizar minha criança se eu deixá-la chorando e for embora?”; “como devo agir para facilitar este processo?” e tantas outras dúvidas. Pensando em auxiliá-los neste momento, listamos algumas orientações que poderão ser úteis e facilitar a superação deste desafio tanto pelas crianças como pelas famílias: 

Como funciona a adaptação escolar na escola Primeira Infância?

  • Sugerimos uma adaptação gradativa, ou seja, a criança irá se deparando com os desafios de modo gradual e por períodos crescentes de tempo. No primeiro dia a criança permanecerá no ambiente escolar pelo período aproximado de quarenta minutos. Assim, poderá conhecer o ambiente e as pessoas da escola sem se afastar por muito tempo de suas figuras de referência. A partir daí, o tempo de permanência na escola vai aumentando gradativamente. 
  • O responsável será solicitado caso a criança esteja chorando muito nestes primeiros dias. Entretanto, primeiramente é importante que a professora procure acalmá-la, mesmo que por um breve período de tempo, para então o responsável chegar. Isto para que o(a) aluno(a) perceba que sua figura de referência virá buscá-lo mesmo que ele(a) não esteja chorando. 
  • As educadoras e coordenadoras irão acompanhar caso a caso e orientar cada família em sua individualidade.

Como devo proceder nesta fase?

  • Ao entregar seu filho à professora, é essencial que você procure manter um olhar seguro, um tom de voz equilibrado e uma postura calma. Mesmo que a criança chore ou apresente resistência para sair de perto de você, procure olhar para ela e dizer: “Sei que você vai conseguir ficar bem. Virei te buscar depois e a professora está aqui para te ajudar!”. A seguir, conduza seu filho à educadora, fazendo você a entrega dele para a profissional. Evite prolongar muito a despedida. Procure então sair do ponto de vista da criança e, mesmo que permaneça num outro ambiente da escola, permita que a professora utilize suas estratégias para acalmar seu filho e integrá-lo à rotina escolar. Tenha certeza de que, se for necessário, a própria escola solicitará sua presença e apoio. 
  • No final do período, após buscar seu filho, evite falar muito sobre o tema “escola”. Isto pode gerar mais ansiedade e expectativa. Além disso, não será nossa fala que irá “convencer” a criança a ficar bem no ambiente escolar, mas apenas a própria vivência dela permitirá essa construção. Procure manter a rotina familiar da forma mais natural e estável quanto possível, evitando mudanças e novidades. É importante para os pequenos sentirem que aquele universo de casa, tão conhecido e seguro, continua ali. 
  • Quando deixamos nossos filhos chorando ou ainda inseguros na escola, podemos ficar propensos a agradá-los mais quando voltam para casa, como se tentássemos compensar aquela dor sentida com mais carinho e mais concessões. Entretanto, esta atitude só prejudica o processo de adaptação à escola, pois diante deste aumento de agrados em casa, afastar-se dos pais no dia seguinte será ainda mais difícil. Então, a melhor atitude é manter a naturalidade no ambiente familiar, vivenciando normalmente as frustrações inerentes ao cotidiano.
  • A experiência diária da criança de ir à escola, vivenciar a rotina escolar e depois voltar para casa com seus pais irá se consolidando na memória dos pequenos. Assim, aos poucos, eles irão entendendo essa sequência e ficarão mais seguros por saberem que seus pais ou responsáveis sempre voltam para buscá-los. Dessa forma, é importante evitar faltas ou mudanças frequentes de horários de chegada ou saída da escola. Quanto mais estável for a rotina deles, maior será seu domínio sobre o que está por vir, gerando assim mais segurança.
  • A agenda é o canal fundamental de comunicação entre professores e famílias. No período de aulas os profissionais da escola estão muito envolvidos no atendimento às crianças, sendo que conversar com os pais pode ser prejudicial para a atenção que devem dirigir aos pequenos. Por isso, indica-se utilizar a agenda como meio de transmitir recados e registrar informações importantes sobre as crianças. Quando for necessária uma conversa mais prolongada e pessoal com o professor, os pais poderão solicitar uma reunião. Dessa forma, a equipe escolar irá se organizar para atendê-los sem prejudicar o andamento da rotina com os alunos. As principais informações sobre o período escolar da criança serão registradas pelos profissionais na agenda.
  • Tenha certeza de que a convivência com colegas da mesma idade, a rotina repleta de estímulos apropriados à faixa etária e a formação de vínculos com professores e outros adultos que trabalham na escola farão muito bem ao desenvolvimento de seu filho. Por mais delicada que seja esta fase de adaptação escolar, vale a pena vivenciá-la e superá-la, pois a escola sempre será uma das mais importantes (senão a principal) parceiras da família no cuidado e educação dos pequenos.

Qualquer dúvida venha conversar conosco!

Alessandra Janz

Psicóloga Escolar

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